And Just Like That…: o adeus à série que reinventou Sex and the City

Então é isso: And Just Like That… vai acabar. O showrunner Michael Patrick King anunciou que a terceira temporada será a última. A decisão foi tomada em conjunto com as atrizes Sarah Jessica Parker, Cynthia Nixon, Kristin Davis e os executivos da HBO. O final se dará em duas partes, com o último episódio indo ao ar no dia 14 de agosto de 2025.

Sarah Jessica Parker, que dá vida à icônica Carrie Bradshaw e também é produtora executiva da série, se despediu em uma postagem no Instagram. Ela descreveu a personagem como “uma figura que ela amou mais do que qualquer outra” por 27 anos. Agradeceu aos fãs que também amaram, se frustraram e torceram por Carrie em Sex and the City. 

Embora tenha causado lágrimas nas balzaquianas, que amadureceram sob os holofotes da protagonista Carrie, outros recebem a notícia com gosto de “já vai tarde”. Não faltam comentários de como a série prometeu tudo, começou em nada e, provavelmente, terminará em lugar nenhum. 

A discussão não se resume a onde a produção da série errou, mas sim em como ela se encaixa em uma paisagem cultural e social radicalmente diferente daquela em que a série original, Sex and the City, foi criada.

O que é And Just Like That…?

O revival retoma a história que começou na Nova York dos anos 90, das amigas em Sex and the City — Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York — em um momento posterior de suas vidas. 

A continuação trouxe à tona questões das mulheres que, agora mais maduras, precisam lidar com o luto, a criação de filhos adolescentes, a menopausa, a consolidação na carreira, a sexualidade e até a própria identidade.

And Just Like That…: Críticas e opiniões divergentes

A equipe de produção de And Just Like That… bem que tentou honrar a essência da série original, enquanto trazia as personagens para um contexto social contemporâneo. Introduziu novas figuras e explorou facetas de suas vidas. O drama, o humor e as reflexões sobre a vida continuaram sendo o cerne da narrativa.

No entanto, a nova série exibida pelo HBO Max gerou uma divisão clara entre o que foi mantido e o que acabou se perdendo, principalmente ousadia e originalidade. Em alguns momentos, parecia forçar a inclusão de temas modernos e socialmente relevantes de uma forma que soou pouco natural para o universo de Sex and the City.

Apesar de And Just Like That… ter um potencial (e ter gerado expectativas) para ser uma série profunda sobre temas atuais, ela não os explorou de maneira eficaz, resultando em uma narrativa fraca e superficial.

Mas será que a continuação de Sex and the City, o fenômeno cultural pop que moldou a percepção de toda uma geração, se resumirá apenas a isso?

Diferenças entre And Just Like That e Sex and the City

A série dos anos 90 foi criticada por ser focada em personagens brancos e privilegiados. Ao adicionar negros e pessoas de identidades diferentes de gênero, os criadores buscaram refletir uma Nova York mais realista e diversa.

A intenção era criar uma continuação que estivesse em sintonia com o mundo atual, corrigindo as falhas do passado e permitindo que as personagens mais antigas evoluíssem em um contexto social e cultural diferente.

A mudança dos tempos e o desafio da relevância

Sex and the City, em seu auge, era considerada revolucionária por abordar temas como sexo, amizade e a vida de mulheres independentes de forma aberta e sem censura. 

No entanto, muitas das piadas, comentários e abordagens da série original são hoje vistos como problemáticos, principalmente no que se refere a representações de gênero, sexualidade e raça. O que era aceitável na TV dos anos 90 e 2000, hoje é considerado ofensivo e motivo para cancelamento.

O dilema dos produtores

Os produtores de And Just Like That… precisavam ressuscitar uma franquia icônica e torná-la relevante para um público moderno, que exige mais inclusão, representatividade e sensibilidade. 

No entanto, o que muitos críticos e espectadores apontaram é que a forma como esses temas foram inseridos na narrativa, muitas vezes pareceu superficial ou forjada.

Em vez de permitir que as personagens evoluíssem naturalmente para se adaptar aos novos tempos, a série pareceu amenizar essas abordagens, quase como se estivesse com medo de ser “cancelada”. 

Por exemplo, a jornada de Miranda Hobbes foi vista por muitos como uma tentativa apressada de inseri-la em uma narrativa de auto descoberta sexual, em vez de um desenvolvimento gradual e realista. 

Da mesma forma, a inclusão de personagens não-brancas e não-binárias, embora importante, foi criticada por não se aprofundar de maneira significativa. Ficaram parecendo somente um meio para as protagonistas aprenderem sobre os “novos tempos”.

Sex and the City tinha uma profundidade sutil. Quando tocava em assuntos sensíveis, estava refletindo sobre a vida de suas personagens de uma forma honesta (dentro do seu contexto de época). 

Em And Just Like That…, a crítica principal é que a produção se preocupou tanto em não ofender e em ser “correta” que acabou perdendo a sutileza, a coragem e a honestidade bruta que tornaram a série original tão memorável. 

A questão, portanto, não é se os tempos mudaram, mas sim como a produção reagiu a essa mudança. 

A produção optou por ser rasa em assuntos complexos, o que, ironicamente, a tornou menos corajosa do que sua antecessora.

A evolução das personagens 

Carrie Bradshaw: da nostalgia ao amadurecimento emocional

A loira que se tornou um ícone fashion nos anos 90 e 2000, voltou em And Just Like That… totalmente fiel a sua versão mais jovem, e também como uma mulher em uma nova fase de sua vida. 

A série aprofundou a complexidade de sua história, explorando o amadurecimento emocional que vem com o tempo e a experiência. Houve, claro, o foco em suas escolhas peculiares em assuntos de moda e romances. Mas também o enfrentamento de perdas profundas, reavaliação de amizades e envelhecimento em uma sociedade que não admite a passagem do tempo. 

A escrita continua a ser sua forma de processar o mundo. Após a perda de Mr. Big, por exemplo, a forma como ela volta a escrever é uma parte crucial do seu processo de luto e de sua jornada para se redescobrir. 

Ela agora se aventura em um podcast e em novas amizades, e suas colunas sobre a vida em Nova York ganham um novo tom, mais maduro e introspectivo. 

Miranda Hobbes: transformações pessoais e profissionais

Miranda Hobbes, a advogada cética e pragmática que conhecemos, passa por uma transformação em And Just Like That…. Ela deixa para trás sua exaustiva carreira jurídica para se dedicar aos estudos em direitos humanos, em sua busca por um propósito que vai além do sucesso corporativo.

Neste movimento, Miranda, que sempre se pautou pela lógica, se vê confrontada por uma série de emoções e desejos inesperados. A sua relação com Che Diaz, a comediante não-binária, desencadeia uma crise de identidade, a fazem questionar sua sexualidade e seu casamento com o pai de seu filho. 

Charlotte York: entre tradições e desafios modernos

Charlotte York, a eterna otimista e guardiã das tradições, enfrenta em And Just Like That… o desafio de conciliar seus valores clássicos com as realidades complexas do mundo moderno. 

Se na série original seu objetivo era encontrar o príncipe encantado e construir uma família perfeita, a continuação deixa claro que nem sempre as coisas saem como esperado. Ela se depara com a adolescência de suas filhas Rock e Lily, em que precisa lidar com as questões de gênero e sexualidade das meninas. 

Embora a personagem seja uma caricatura de “trad wife”, ela representa bem a batalha interna de muitos pais que tentam manter suas tradições enquanto vivem os desafios de uma sociedade em constante mudança. 

Novas personagens: diversidade, inclusão e dilemas

As novas personagens trazem consigo suas próprias vidas, carreiras, famílias e dramas. São elas:

  • Seema Patel: Uma corretora de imóveis de sucesso e elegante que se torna uma grande amiga de Carrie. A indiana, cuja autoconfiança beira à arrogância, não se contenta com menos do que merece no amor e na vida.
  • Che Diaz: Uma comediante stand-up não-binária e apresentadora de podcast ousada e sem papas na língua, que se torna a chefe de Carrie e o interesse amoroso de Miranda.
  • Lisa Todd Wexley: Uma diretora de documentários de sucesso, negra, casada com um banqueiro de investimentos e mãe de três filhos, traz ao longo da trama questões como aborto e adultério.

O objetivo da introdução das novas personagens era forçar o trio principal a lidar com questões de raça, gênero e privilégio de uma forma que não existia na série original.

O encerramento de And Just Like That: por que a série está chegando ao fim?

Michael Patrick King e Sarah Jessica Parker esperaram o final da terceira temporada para dar o anúncio do fim de “And Just Like That….A principal justificativa dada por King foi que, ao escrever o último episódio, ficou claro para ele que aquele era “um lugar maravilhoso para parar”, e enfatizou que o encerramento foi uma decisão criativa, e não uma reação às críticas. 

Ele e Sarah concordaram que o final da terceira temporada oferecia uma conclusão satisfatória para as histórias das personagens. 

Expectativas para os episódios finais (7 e 14 de agosto)

A série conclui as tramas principais, mas o futuro das novas personagens, como Che, Seema e Nya, não tem um encerramento definitivo, deixando espaço para a imaginação do público sobre o que acontece com elas.

Onde assistir à série?

Os capítulos 11 e 12 de And Just Like That… estarão disponíveis exclusivamente na plataforma de streaming HBO Max (agora chamada de Max em alguns países, mas mantendo a marca HBO Max no Brasil e em outras regiões), nos dias 7 e 14 de agosto às 22h (horário de Brasília).

Apesar das críticas mistas por parte da imprensa e dos fãs, a audiência de And Just Like That… no HBO Max é inegável. A série se destacou como uma das produções mais vistas e de maior sucesso na plataforma.

And Just Like That… o adeus à série que reinventou Sex and the City
And Just Like That… o adeus à série que reinventou Sex and the City

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