Da melhor forma novelesca e nostálgica possível, O Auto da Compadecida 2 chega como o reencontro do telespectador com dois grandes amigos de infância – Chicó e João Grilo. Sequência direta de seu antecessor e que respeita a passagem de tempo entre as obras, o longa acompanha o retorno de João Grilo a Taperoá, após o milagre de sua reencarnação. Logo, somos apresentados a novos personagens que revitalizam a trama e mostram o que têm a oferecer a ela.
Guel Arraes se prova, novamente, como excelente diretor ao utilizar das limitações do longa como motor para sua exibição. Desde os cenários limitados em computação gráfica até a dublagem realizada em pós-produção, garante um ar estético ao longa, que possui o seu charme.

No entanto, por mais nostálgico e divertido que seja, O Auto da Compadecida 2 não consegue justificar sua existência em suas duas horas de exibição. Isso porque, além da trama principal envolvendo ambos os protagonistas, várias outras paralelas surgem, cruzam-se e não chegam a lugar algum.
Não só isso como, também, o tom ‘’realista’’ se perde com facilidade em meio as decisões feitas durante a produção – o que evidencia um tom cartunesco de forma excessiva e enjoativa. Por fim, a repetição no terceiro ato com o evento-chave da peça e do longa de 2000 também é um ponto que traz uma certa estranheza. Afinal, qual seria a novidade diante disso tudo?
Mas isso não significa que o filme perde seu valor ou sua diversão – pelo contrário, é a segurança que ele necessita para manter sua linguagem dramática e cativar o público. É um filme nostálgico, que serve tanto como um abraço caloroso para a geração dos anos 2000 que cresceu assistindo O Auto da Compadecida na Globo, assim como para a nova geração que deseja conhecer as (des)venturas de Grilo e Chicó.
Nota: 3/5