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Literalmente eu: os filmes que exploram o lado sombrio da mente 

Sumário

O termo “literalmente eu” ganhou notoriedade como um meme na internet, especialmente popularizado por uma cena do filme Era Uma Vez em… Hollywood (2019), quando Leonardo DiCaprio – que no longa interpreta Rick Dalton – aponta para a tela de TV em uma cena cheia de empolgação. O meme adiciona o personagem exclamando “literalmente eu”.

Esse meme viralizou nas redes, e tem sido usado para expressar identificação imediata com algo que se está vendo ou vivenciando. Desde então, a expressão foi adotada por muitos como uma forma humorística de exprimir como algo se reflete na própria vida, como uma espécie de reconhecimento exagerado e, principalmente, irônico de uma situação ou comportamento.

No entanto, o conceito de “literalmente eu” pode ser levado além da brincadeira e se relacionar com as complexas questões psicológicas e de identidade que muitos filmes exploram, especialmente aqueles que lidam com anti-heróis ou vilões, distúrbios mentais e a desconexão com o mundo. No universo dos filmes, “literalmente eu” não é apenas uma identificação superficial, mas uma manifestação de um colapso interno, por meio do qual o personagem se perde em sua própria luta para entender quem é.

Literalmente eu e o conceito de sigma

A relação com o conceito de “sigma” é, particularmente, interessante aqui. O termo descreve homens que buscam sua identidade de maneira solitária, frequentemente descritos como pessoas que não se encaixam nos padrões sociais e que preferem agir de forma independente. Esse tipo de personagem é o que vemos em muitos filmes que abordam o lado sombrio da mente.

Os “sigmas” modernos, frequentemente retratados nas redes sociais, são indivíduos que rejeitam as normas estabelecidas, agindo de forma autossuficiente e introvertida. É fundamental reiterar que há uma divisão não muito clara entre a ironia e quem realmente leva isso a sério. O termo tem uma forte conexão com aqueles que vivem em um estado de alienação, mas de uma maneira perturbadora e complexa ou repleta de um humor irônico.

O que são filmes “Literalmente Eu”?

Filmes “Literalmente Eu” são narrativas que investigam as profundezas da psicologia humana, que retratam personagens que se veem imersos em dilemas existenciais e psicológicos extremos. A característica comum entre esses filmes é a exploração da alienação, distorção da percepção de realidade e dos conflitos internos que definem a jornada do protagonista. 

Em vez de serem aventuras externas, essas histórias são intensamente introspectivas, muitas vezes dando voz a personagens em uma luta constante para se entender ou, paradoxalmente, para se perder ainda mais. Abaixo, separamos algumas das características essenciais desses filmes:

  • Alienação e desconexão: O personagem principal se sente deslocado, incapaz de se conectar com o mundo ao seu redor ou com a sua própria identidade.
  • Protagonistas anti-heróis: A figura central é muitas vezes moralmente ambígua, quebra as barreiras entre certo e errado, o que intensifica o impacto emocional.
  • Exploração psicológica profunda: A narrativa busca um mergulho nas complexidades da mente humana, ao desafiar a compreensão do público sobre o que é real e o que é fictício dentro da mente do protagonista.
  • Atmosfera sombria e distópica: O tom visual e narrativo do filme frequentemente é sombrio, ao criar uma sensação de claustrofobia e desolação que complementa a jornada psicológica do personagem.

Esses filmes não são apenas um reflexo das fragilidades da mente humana, mas também uma forma de provocar os espectadores a questionarem as fronteiras entre identidade, loucura e percepção da realidade.

Literalmente eu: os mais impactantes

Esses filmes se destacam por seus enredos complexos e personagens que, literalmente, nos mostram como é possível perder o controle sobre si mesmo. Abaixo, selecionamos alguns dos filmes mais impactantes que ilustram perfeitamente o conceito de “literalmente eu”:

Psicopata Americano (2000)

Neste filme, “literalmente eu” é uma metáfora para o vazio existencial de Patrick Bateman, um executivo de Wall Street que se vê preso entre o superficial e o caótico. A jornada de Bateman é um reflexo de como a alienação social e a dissociação da realidade podem levar a um colapso psicológico fatal.

Drive (2011)

O personagem de Ryan Gosling em Drive representa um anti-herói quieto, isolado e cheio de ambiguidades, cujas motivações e traumas se desdobram à medida que o filme avança. Aqui, o conceito de “literalmente eu” se torna uma forma de refletir sobre como o silêncio e a repressão emocional podem conduzir a decisões extremas.

Taxi Driver (1976)

Em Taxi Driver, Travis Bickle é um dos anti-heróis mais emblemáticos do cinema, e seu colapso mental está no centro de toda a narrativa. Quando ele diz “literalmente eu” em relação às suas próprias ações, é como se o filme questionasse não apenas a sanidade de Bickle, mas também a nossa própria percepção sobre o que ele representa.

Blade Runner 2049 (2017)

A jornada de K, um replicante em busca de identidade e significado, é uma representação perfeita do conceito “literalmente eu”. A busca pela verdade é também uma busca pela identidade, em um mundo onde a linha entre humanos e máquinas é constantemente questionada.

O Abutre (2014)

Lou Bloom, interpretado por Jake Gyllenhaal, é um exemplo clássico de um anti-herói cujo comportamento obsessivo e psicopático define o tom de O Abutre. Sua desconexão da realidade e do comportamento moralmente aceitável levam à criação de uma persona que é, literalmente, uma invenção de suas próprias distorções mentais.

Clube da Luta (1999)

Talvez um dos exemplos mais conhecidos do conceito “literalmente eu” no cinema, Clube da Luta retrata a busca do protagonista (Edward Norton) por uma identidade que ele mal compreende. O colapso mental e a luta interna entre seus dois “eus” é um dos maiores estudos de personagens da história do cinema.

Coringa (2019)

Em Coringa, Arthur Fleck vive uma jornada sombria de desilusão e deterioração mental, onde ele se transforma no icônico vilão da DC. A construção de sua identidade, marcada pela alienação e violência, é uma das mais intensas manifestações de “literalmente eu”, e mostra como a falta de empatia e o isolamento podem moldar uma pessoa de forma irreversível. Na vida real, porém, a empatia do público pelo personagem assustou o diretor Todd Philips, que decidiu desfazer completamente o arco do personagem na continuação.

Conclusão

O conceito de “literalmente eu” se desvia da ideia de um autoconhecimento simples. Nos filmes mencionados, ele se transforma em um processo destrutivo e desestabilizador, onde os personagens, na tentativa de compreender a si mesmos, perdem-se. A alienação, os distúrbios psicológicos e a luta interna transformam essas narrativas em um reflexo de uma realidade perturbadora, onde a busca pela identidade se torna o maior desafio.

Quando falamos de “literalmente eu”, referimo-nos a uma jornada interna, onde o autoconhecimento se torna uma faca de dois gumes: a descoberta do próprio eu pode ser uma experiência devastadora e irreversível. Esses filmes questionam a moralidade, e nos fazem refletir se podemos nos manter inteiros diante de nossas sombras. Quer explorar mais sobre o mundo do cinema? Confira outros artigos como este aqui, na Citou Filmes!

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