O Maravilhoso Mágico de Oz (2025) | Crítica

O Maravilhoso Mágico de Oz (2025) | Crítica

Para quem espera uma releitura fiel do clássico O Mágico de Oz (1939), com todo aquele encanto que a história original nos trouxe e moldou gerações, esse filme russo definitivamente irá te pegar de surpresa – e, talvez, de uma forma não tão agradável. A começar pelo início do filme, onde mostra uma cena sombria, e apresenta, até então, o que parece ser uma feiticeira lançando um feitiço contra os seres humanos. 

Essa feiticeira em questão é Gingema, a Bruxa Má. Entretanto, apesar da introdução parecer ter potencial, ela não nos prende muito e acontece o que já prevíamos: a tempestade onde, até então, Dorothy seria levada. Mas, nesse filme, não temos Dorothy como conhecemos, e sim Ellie, uma garotinha que, digamos, é uma das maiores adeptas dos tempos modernos. 

Mágico de Oz
Fonte/Reprodução: IMAGEM FILMES

Uma nova Dorothy ou apenas Ellie?

No longa, Ellie não é uma garota simples do interior, mas sim uma criança extremamente mimada, que, já nos primeiros minutos do filme, se mostrava completamente dependente do celular e da internet. Isso, claro, sem contar com a péssima educação e o desrespeito que ela tem com os seus pais, que até tentam a tirar do “vício digital”. 

A trama se desenrola quando a família de Ellie, em uma viagem de final de semana para todos saírem um pouco da “internet”, é pega totalmente de surpresa por uma tempestade no meio da estrada, o que leva embora o trailer deles. Mas quem estava no trailer? Isso mesmo, Ellie e o seu cachorrinho, Totó, após o pai confiscar o seu celular e o esconder no Trailer. 

Podemos observar que o filme deseja mostrar e criticar o quanto a geração atual é totalmente dependente da tecnologia. Entretanto, eles poderiam ter trabalhado isso de outra forma, e com uma comunicação mais assertiva. Poderiam ter usado de forma mais inteligente, para poder criar uma crítica muito verdadeira sobre a conexão humana na era digital.

Até esse ponto, tudo parece uma boa referência ao clássico. Porém, o que vem a seguir é um misto de escolhas muito confusas, cenas mal conectadas e erros considerados amadores, como, por exemplo, uma cena onde a personagem sai andando com os seus sapatos em mãos (em uma birra de criança), e na próxima cena ela já está com eles em seus pés, mas segue com o diálogo anterior.  

Apesar dos pesares, o filme conta com personagens da história original, como o Espantalho, O Homem de Lata e o Leão Covarde. Além disso, a Cidade das Esmeraldas e a Estrada de Tijolos Amarelos também permanecem como os locais mais importantes da história. O enredo gira em torno dela encontrar o mágico, realizar os desejos dos amigos e conseguir voltar para casa. 

Porém, mesmo com o enredo que conhecemos, há diversas mudanças na personalidade de Ellie e que faz com que no final das contas, o que sentimos pela garota é um misto de raiva e desprezo por sua personagem ser tão sem carisma e completamente aquém da realidade.

Além disso, eles tentam trazer um humor leve para o filme, o que é honroso, visto que a classificação indicativa do filme é para crianças menores. Porém, essas tentativas acabam por se perder entre os diálogos vazios e as piadas que não têm nem um pouco de graça, e é claro que você apenas ri pelo quão patético isso se mostra. 

Bruxas são boas, Feiticeiras são más… ou algo assim?

Claramente, o filme tenta brincar com o conceito de moralidade, ao nos mostrar que as bruxas são boas e somente as feiticeiras são más. Entretanto, isso não é explorado de forma coerente. 

Absolutamente todos os personagens, além de terem um forte desvio de caráter e não serem fiéis nem a si, são mal construídos, e isso deixa quem assiste sem qualquer apego emocional com nenhum deles – a não ser, é claro, aos animais fofos que aparecem de forma pobre em certos momentos.

O filme conseguiu fazer com que até os personagens principais tenham alguns desvios morais e uma personalidade um tanto rasa, o que não nos prende em absolutamente nada, e não nos fazem ter uma conexão com eles e com a história de cada um.   

Com cenas vergonhosas e diálogos rasos, a trilha sonora é algo que também é tão ruim quanto o restante. Mesmo cientes de que esta versão de O Mágico de Oz não seria um musical, como Wicked, o público esperava um cuidado maior com as músicas que preenchem as cenas, mas nem isso temos. 

A sonoplastia basicamente toca em cenas que deveriam criar alguma emoção, mas que acabam por soar forçadas e deslocadas, não enriquecendo em nada. E falando em forçadas…

Estética e CGI: Um deslize difícil de ignorar

A estética do filme, de modo geral, não nos impressiona muito. O CGI utilizado, que poderia ter enriquecido o universo mágico, peca por diversos fatores, principalmente por sua execução mediana, o que tornou muitas cenas importantes visualmente desconfortáveis.  

Eles a utilizam nos personagens, no cenário, em tudo, e transformam o CGI em algo muito exagerado e cansativo. Além dos erros de continuação de cena, há os erros de temporalidade, o que deixa toda a experiência ainda mais frustrante. 

Muita moral, pouca magia
Fonte/Reprodução: IMAGEM FILMES

Muita moral, pouca magia

Apesar de todos os seus problemas de consistência, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 tenta nos transmitir uma mensagem sobre a importância de um ajudar o outro, mesmo que, isso tenha a ver com ajudar a si e a seus próprios interesses. 

Além dessa moral, há a crítica já mencionada sobre a dependência de internet e da tecnologia e o quanto isso é prejudicial, o que faz com que percamos o que acontece ao nosso redor, por conta de uma pequena tela que está em nossas mãos. Porém, mesmo com ambas as ideias por trás do filme, essa moral e crítica ficam totalmente ofuscadas pelo seu final abrupto, e por todos os erros cometidos. 

Em resumo, O Maravilhoso Mágico de Oz tenta se vender como uma boa adaptação moderna e muito ousada do clássico de 1939, mas o resultado, infelizmente, é uma narrativa confusa, rasa, exagerada e, em diversos momentos, extremamente decepcionante e vergonhosa. 

Talvez, com alguns (muitos) ajustes na construção dos personagens, no enredo, nos diálogos, e maior atenção aos detalhes técnicos, a continuação para a parte 2 possa resgatar parte do encanto que foi perdido. Até lá, é difícil recomendar esse filme para quem procura algo mágico. Mas, se você tem estômago e paciência; bom, pode tentar a sorte. 

Nota: 1/5

Veredito

1/5

“O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1” é uma releitura russa que surpreende negativamente. Ellie, a nova Dorothy, é uma criança mimada e dependente da tecnologia, tornando a personagem sem carisma. O filme falha em sua tentativa de crítica social, e apresenta escolhas muito confusas, cenas mal conectadas e erros amadores. Com personagens mal construídos, diálogos vazios e um CGI mediano e exagerado, a magia se perde. Uma adaptação decepcionante.
O Maravilhoso Mágico de Oz (2025) | Crítica

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