Batman

Revisitando The Batman

Sumário

No dia 19 de setembro de 2024 chega às telas da Max a série Pinguim, estrelada por Colin Farrell, cujo protagonista é o personagem que conhecemos no filme The Batman (2022), dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson. Dois anos passados de sua estreia, e faltando poucos dias para a série derivada, é o momento certo de revisitar o longa original.

Terça-feira, 17 de setembro de 2024. O mundo parece cair em volta. Não apenas o som da água batendo ecoa pelos tímpanos, como os arrepios advindos dos agressivos trovões. Não é nenhuma data especial, como o Halloween; mas se serve de consolo, restam menos de dois dias para revisitarmos a cidade de Gotham.

Maior Detetive do Mundo

O Batman é tão detetive quanto o filme de 3 horas poderia nos proporcionar, e o Charada foi a escolha perfeita para isso. Pattinson age como o personagem dos quadrinhos e animações e passa a maior parte do longa encapuzado. Lembremos que o capuz é o verdadeiro rosto, e Wayne é a máscara.

Fonte/Reprodução: YouTube.

A verdadeira máscara do milionário aparece em um momento; quando está em público, no funeral de um personagem. No restante das cenas em que o ator mostra o rosto completo, ainda assim é o Batman; até porque está sempre descabelado e com a maquiagem nos olhos. Pode-se dizer resolutamente que as poucas vezes em que o ator aparece sem capuz é porque a história requer, para o desenvolvimento de personagem. 

Dessa forma, o filme é do Batman em todos os sentidos, sobretudo dois. Poeticamente, porque é a primeira vez que o vilão não rouba a cena completamente, não por demérito do grande Paul Dano, mas porque o roteiro decidiu deixar o personagem nas sombras. Quando o ator tem o seu espaço para mostrar a que veio, porém, é para brilhar como Edward Cullen nunca brilhou.

A escolha desse profissional foi tão justificada que, ao contrário de Pattinson, todos concordaram com o seu anúncio, há tantos meses. O segundo sentido é literalmente, porque o herói está com o seu figurino durante a maior parte do tempo e não se foca na vida do milionário.

Identidade Visual

A trilha sonora de Michael Giacchino para The Batman (lembrem-se dele em Rogue One) é mais sutil do que a de Hans Zimmer para a trilogia The Dark Knight, mas isso era necessário para o tom investigativo do filme. Além disso, o seu tema é tão bom ou melhor quanto o de Zimmer; e muito remete ao da clássica série animada dos anos 90.

A identidade visual, para diferenciar do bege de Batman Begins, do azulado de TDK, e do branco de TDKR; opta pelo vermelho. A cor é utilizada com muita pertinência e crucialidade em cenas específicas, e de forma menos intensa no decorrer do filme. Não se trata apenas de uma identidade visual para a campanha de marketing, como ocorre em muitos casos.

O Longo dia das Bruxas

Apesar de Pinguim ou o filme original não estrearem em nenhum feriado, esse é quase o único elemento de The Batman que não foi esculpido em carrara de O Longo Dia das Bruxas. A escolha do vilão Charada também difere dos quadrinhos originais, escritos por Jeph Loeb (o criador do Hulk Vermelho) e desenhados por Tim Sale.

A homenagem é tamanha que quase atinge o limiar entre adaptação e transposição, apesar de ainda consistir na primeira opção. A história de Loeb narra diversos assassinatos de figuras especialmente corruptas. O que os une, além da trama de corrupção e máfia da cidade de Gotham, é o fato de que cada um era cometido em um feriado diferente.

Fonte/Reprodução: YouTube.

Assim, a polícia e o próprio encapuzado estavam cientes dos dias em que uma nova tragédia desse mesmo assassino ocorreria. Este, por sinal, ficou conhecido como Holiday (ou Feriado, em português). Sem entrar em spoilers, a questão é que o conjunto de assassinatos visava traçar uma linha que levasse a um ponto final, envolvendo um personagem em particular.

A história se encerra sem que se tenha absoluta certeza de quem é o Holiday, podendo até ser mais de um personagem: Harvey Dent, sua esposa (Gilda) ou Alberto Falcone (filho de Carmine Falcone, que vimos em Batman Begins e em The Batman). Essa é uma das histórias mais famosas e renomadas do Homem-Morcego, e foi muitíssimo utilizada em The Dark Knight, pois é nessas HQs que Harvey Dent se torna o Duas-Caras.

Legado

Desde Batman Begins, Christian Bale trouxe um vigilante que ocultava a verdadeira voz, ao falar por meio de urros, e recebia o auxílio de Alfred e Fox (nos três filmes de Christopher Nolan). Keaton, pelo próprio teor do fim dos anos 80, nos agraciou com suas caretas e pelo fato de que não conseguia mover-se direito, mas isso não o impediu de ser uma das versões mais amadas.

Ben Affleck interpretou a versão mais visualmente fiel do personagem, em termos de figurino e elementos externos (Batmóvel, Batcaverna, a aparência e personalidade de Bruce Wayne em si); mas desagradou a muitos em Batman v Superman por quebrar a regra de não matar. Bale e Affleck investigavam, mas muito menos e com muito mais auxílio de outros. Val Kilmer e George Clooney foram incumbidos de assumir o tom cômico e leve dos filmes de Joel Schumacher.

Conclusão

No entanto, o verdadeiro legado do Batman e de quaisquer personagens são as mensagens em forma de ideia e frases passadas ao espectador, e se The Dark Knight de Nolan passou o conceito de que “ele é o herói que Gotham merece, mas não o que ela precisa agora. […] Porque ele não é o nosso herói. Ele é um guardião silencioso […].”; The Batman de Matt Reeves nos contrapõe vingança e esperança, revelando o tom libertador do segundo em comparação com o sufoco que o primeiro proporciona. Talvez inspiração e esperança seja do que mais necessitamos agora.

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