O final de Thunderbolts trouxe o lado sombrio do Sentinela, o Vácuo, espalhando sua escuridão por Manhattan, afetando milhões de pessoas. Apesar de ser um desfecho marcante, fãs questionaram a ausência de referências a eventos paralelos do Universo Cinematográfico Marvel, como a lei marcial em Nova York após Demolidor: Renascido.
Em entrevista ao Screen Rant, o roteirista Eric Pearson abordou essas lacunas e deu um panorama sobre cenas deletadas e escolhas narrativas do filme.
A ausência de heróis urbanos
Pearson evitou dar detalhes específicos sobre a ausência de figuras como Demolidor e Homem-Aranha no enfrentamento do Vácuo. “Não olhei o mapa com atenção suficiente para dizer até onde isso foi”, disse, referindo-se ao alcance da escuridão do Vácuo. Ele também sugeriu que a manipulação do tempo no Espaço Vácuo pode justificar algumas lacunas na narrativa. “Talvez tenha sido apenas um segundo”, explicou, traçando um paralelo com conceitos apresentados em Thor: Ragnarok.
Bucky Barnes e as mudanças no roteiro
Outro ponto abordado foi a transformação de Bucky Barnes no filme. Segundo Pearson, inicialmente ele seria retratado como um lobista a serviço de políticos, promovendo iniciativas relacionadas aos Vingadores. Contudo, o plano incluía revelar que ele estava infiltrado, colaborando com o senador Gary. Essa abordagem foi alterada, com Bucky assumindo brevemente o papel de congressista, como visto em sua participação especial em Capitão América: Admirável Mundo Novo.
Cenas deletadas e ajustes no tom do filme
Pearson também revelou bastidores sobre o desenvolvimento da trama. A ideia inicial era que o filme tivesse uma atmosfera mais contida, comparada a Duro de Matar. “Recebi a diretriz de que deveria ser algo menor, mais pé no chão”, afirmou.
Uma das versões do roteiro incluía uma longa sequência de viagem na estrada, com os personagens se abrigando em uma casa destruída por uma festa adolescente. “Houve um momento em que isso durou tempo demais. Estávamos parados, interagindo com um garoto aleatório por cinco páginas, e isso não ajudava no ritmo”, explicou. A cena foi descartada para manter o ímpeto do filme.
Já em entrevista ao ComicBook.com, Pearson revelou outras ideias foram descartadas durante o desenvolvimento do filme e as razões por trás dessas mudanças.
Hulk Vermelho como vilão: uma proposta recusada
Uma das ideias iniciais de Pearson era ter o Hulk Vermelho como antagonista principal. No entanto, o Marvel Studios rejeitou a proposta. “Cheguei a sugerir que o Hulk Vermelho fosse o vilão, e eles disseram: ‘Não'”, confirmou Pearson. Apesar da frustração inicial, o roteirista reconheceu que o Sentinela era a escolha ideal para o papel. “Qualquer vez que você acha que tem tudo planejado e dizem que não pode fazer, você fica irritado. Mas agora estou feliz com a decisão.”.
Personagens alternativos e dinâmicas descartadas
Pearson revelou que alguns personagens quase tiveram papéis importantes no filme. “Houve versões do roteiro em que Bucky não estava envolvido, e outras em que Bill Foster aparecia com um papel maior que um simples cameo”, explicou.
A ideia era que Foster, o Golias (Laurence Fishburne), se juntasse à equipe no terceiro ato, formando uma dinâmica paterna com Alexei (o Guardião Vermelho). No entanto, essa abordagem foi descartada. “Provavelmente porque ele não tinha o mesmo histórico de traumas que os outros personagens, que era o tema unificador.”.
Homem-Coisa: uma escolha incompatível
Outro personagem considerado foi o Homem-Coisa, mas sua inclusão acabou sendo descartada por motivos narrativos e estéticos. “O Homem-Coisa é uma criatura imprevisível, e não conseguimos encontrar uma forma que fizesse sentido para a história”, explicou Pearson.
A presença do Homem-Coisa também poderia ofuscar Bob Reynolds (o Sentinela). “Se você já está lidando com Bob, por que este cara normal está aqui em vez desse monstro do pântano? Você acabaria dedicando muito tempo ao monstro, desviando a atenção de Bob, que precisava de espaço para sua transformação emocional e narrativa.”.
Decisões alinhadas à narrativa
As escolhas do Marvel Studios e de Eric Pearson reforçam o foco do filme em temas como trauma, identidade e aceitação. Embora algumas ideias iniciais tenham sido descartadas, o resultado final reflete uma história coesa, com personagens que compartilham jornadas emocionais intensas, como o Sentinela, cuja luta interna é o cerne de Thunderbolts.
O longa já está em cartaz desde 2 de maio, e mescla a velha fórmula Marvel com uma nova dinâmica dentro do MCU.
