Wicked: como o longa reescreve a história de O Mágico de Oz?

Temos a mais plena ciência de que reescrever clássicos do cinema acaba por gerar grandes expectativas, e que isso tem de ser feito com muita cautela; pois, por menor erro que possa acontecer, os críticos e fãs irão à loucura – e, claro, com Wicked isso não foi nem um pouco diferente. O filme, inspirado em um musical da Broadway que conquistou gerações, traz um olhar totalmente novo, tanto sobre o universo de O Mágico de Oz, quanto sobre Elphaba, a famosa “Bruxa Má do Oeste”. 

Em vez de perpetuar a figura má da bruxa, a narrativa mergulha e se estende por suas motivações e o que causou a sua “maldade” com o povo de Oz. A história acaba por revelar diversas narrativas comoventes, sobre o preconceito, amizade, resiliência e a coragem de enfrentar os seus próprios inimigos pessoais.

Wicked, dirigido por Jon M.Chu, equilibra, de forma visual, cenários grandiosos com momentos mais íntimos e emocionantes. A atuação de Cynthia Erico como Elphaba e Ariana Grande como Glinda nos transporta para uma relação que, a princípio, é alimentada pelo Ódio, mas com o passar do tempo, se torna uma verdadeira irmandade. As duas atrizes conseguem criar uma química para as suas personagens que as humaniza da melhor forma possível. 

O filme explora temas diversos e atuais para a nossa sociedade, como a moralidade e os estereótipos, ao mesmo tempo que consegue preservar a mágica do clássico que o inspirou. Se você ainda não assistiu ao musical Wicked, eu sugiro que você embarque nessa narrativa e acompanhe a Citou Filmes para estar por dentro de tudo sobre o mundo cinematográfico. 

Enredo de Wicked e sua relação com O Mágico de Oz
Fonte/Reprodução: Universal Pictures

Enredo de Wicked e sua relação com O Mágico de Oz

O filme Wicked nos leva para a distante Terra de Oz, um tempo antes da chegada de Dorothy e foca na história de Elphaba, uma jovem de pele esverdeada, que enfrenta diversos preconceitos desde o seu nascimento. Ao lado de sua, a princípio, inimiga e depois amiga, Glinda, uma garota popular e cheia de ambições, ela descobre que nem tudo é o que aparenta ser em Oz. 

Essa amizade é colocada à prova em diversas situações, principalmente quando Elphaba decide enfrentar o sistema sujo e opressor em que vivem. Esse enredo acaba por transformá-la na “Bruxa Má do Oeste” perante a sociedade, ou como podemos dizer, mostra o “passado do vilão” que, por diversas vezes, não é tão vilão assim. 

O filme reinterpreta o clássico e oferece um contraponto ao maniqueísmo de O Mágico de Oz. Aqui, todos os eventos apresentados, são mostrados de uma perspectiva muito mais humana e atual, mesmo que o livro tenha sido escrito há quase 30 anos. Além disso, o longa destaca como Elphaba foi injustiçada desde o seu nascimento, o que a leva a ser rotulada em um mundo que não a compreende. Essa abordagem de roteiro traz outros significados as figuras de “boas” e “más”, ao trazer uma história que faz o público questionar tudo ao seu redor e às suas aparências. 

Como Wicked reescreve a história de O Mágico de Oz

Em Wicked, a visão bastante tradicional da “Bruxa Má” é completamente subvertida. Elphaba está muito longe de ser a vilã que todos nós conhecemos, mas sim, uma personagem complexa, com personalidade, movida por ideais de justiça e coragem. A história em si, dá voz àquelas que antes foram silenciadas e revela como as escolhas de Elphaba são fruto de um sistema desigual e cheio de preconceitos. 

Contada sobre a ótima feminina, Wicked enfatiza muito durante o filme sobre a força e a vulnerabilidade de suas protagonistas. Tanto a Elphaba quanto a Glinda são personas multifacetadas, com suas dores, alegrias e tristezas; e que buscam fugir dos clichês estereotipados que são obrigadas a seguir. 

Esse foco na irmandade feminina transforma o conto em algo muito mais atual e relevante, uma vez que consegue abordar a empatia e a resistência diante das mais variadas adversidades impostas pelo sistema. 

O impacto cultural do filme Wicked na Cultura Pop

Desde o lançamento do livro autointitulado “Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz”, a obra tem influenciado a cultura pop, porém foi somente com o musical nos teatros que ele realmente obteve um sucesso estrondoso. A trama busca questionar os conceitos tradicionais de moralidade, heroísmo e independência. 

O impacto cultural do filme Wicked na Cultura Pop
Fonte/Reprodução: Universal Pictures

Ele expande essa discussão, e nos mostra como os personagens que sempre julgamos como “maus” ou “bonzinhos”, na verdade, muitas vezes são reflexos das circunstâncias que lhe ocorreram e do sistema em que estão inseridos. Além disso, ele nos mostra outras visões e versões do que é certo e do que é errado, de acordo com as nossas próprias experiências pessoais. 

Essa mensagem consegue nos conectar ao filme como público, basicamente pelas narrativas atuais e de outras nuances e pontos de vista. Elphaba conseguiu a proeza de emergir como um ícone de empoderamento feminino, ao mostrar e representar perfeitamente a luta contra o preconceito e contra a opressão. 

Tanto Idina Menzel nos palcos do teatro da Broadway e Cynthia Erivo nas telas do cinema, conseguiram consolidar excelentemente essa imagem de força e autenticidade, e inspira gerações de meninas que podem sonhar, serem empoderadas e não aceitarem a realidade pela qual estão inseridas. 

Além disso, tivemos também Kristin Chenoweth no papel de Glinda no musical e Ariana Grande nas telonas. Ambas conseguiram nos transportar para a magia de forma delicada, porém forte. Suas personagens são consideradas “boazinhas”, mas nos mostram também que, de acordo com nossas próprias vivências, temos um pouco de maldade em nós. Afinal, Glinda também é empoderada e busca alcançar os seus sonhos, mesmo que, para isso, ela precise “prejudicar” quem esteja ao seu caminho. 

Recepção crítica e sucesso de Wicked (2024) 

A primeira parte de Wicked (2024) tem gerado diversas opiniões controvérsias e muito divididas. Enquanto muitos elogiam a atuação das protagonistas Cynthia Erivo e Ariana Grande e a grandiosidade dos cenários e cenas musicais, outros criticam muito a duração do filme e algumas escolhas narrativas. 

No Rotten Tomatoes, por exemplo, o longa obteve um alcance de 88% no “Tomatômetro”, o que o destaca por sua relevância, mas também enfrentou críticas bem duras por suas excessivas duas horas e meia. Entretanto, a popularidade de Wicked segue incontestável. 

No IMDB, os usuários apontaram uma certa complexidade emocional no roteiro, o que fez com que isso fosse um dos seus maiores acertos, ao mostrar que a adaptação para o cinema conseguiu traduzir a essência do musical, ainda que com ajustes. 

Como Wicked se tornou o sucesso que é antes mesmo do filme 

Antes de sequer chegar aos cinemas, Wicked já havia conquistado fãs ao redor do mundo por conta do musical da Broadway e de suas adaptações feitas por cada país. O longa conseguiu atingir o feito de ser um dos musicais mais bem sucedidos da história. Desde a sua estreia, lá em 2003, ele conseguiu atrair milhões de espectadores e recebeu diversos prêmios, o que o consolidou como um fenômeno cultural. 

A história de Elphaba e Glinda transcendeu os palcos e se tornou um marco para quem buscava narrativas mais profundas, e um tanto quanto reais. Ao longo dos anos, as produções de Wicked estiveram desde Londres, Tóquio, até mesmo em São Paulo e trouxeram novas interpretações para a obra, o que garantiu que a sua relevância fosse mantida. 

Essa trajetória foi essencial para conseguir construir o hype em torno do próprio filme, que promete eternizar ainda mais esse legado nas telonas. Uma curiosidade sobre o filme no Brasil é que, além da atuação sensacional de Myra Ruiz e Fabi Bang nos papéis de Elphaba e Glinda, respectivamente, o teatro musical brasileiro não deixou a desejar em absolutamente nada para os palcos da Broadway. 

Aqui no Brasil já tivemos 2 temporadas, sendo a primeira em 2016 e a segunda, como uma remontagem em 2023. Agora, após o sucesso do filme, foi anunciado que ele voltará em 2025, mas em curta temporada e com novos cenários, figurinos e atores, mas irão manter as atrizes principais em seus papéis.  

Conclusão

Wicked não é apenas um filme, mas uma experiência, um sentimento, uma sensação que ressignifica o clássico e questiona as narrativas estabelecidas e nos faz questionar o nosso modo de ver o mundo. 

Com uma história emocionante, personagens cativantes e canções que não saem da nossa cabeça, o longa tem tudo para conquistar ainda mais os corações dos fãs de musicais. E se você quer saber mais sobre Wicked ou outros filmes favoritos, lançamentos, críticas e resenhas, não deixe de acompanhar a Citou Filmes para ficar por dentro de tudo!

Wicked
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