Corra que a Polícia Vem Aí: do clássico com Leslie Nielsen ao remake com Liam Neeson

Lançado em 1988, Corra que a Polícia Vem Aí! (The Naked Gun: From the Files of Police Squad!) é um marco da comédia pastelão americana. O filme nasceu como uma continuação da série de TV Police Squad! (1982), também criada pelos irmãos Zucker e Jim Abrahams, que misturava o formato de seriado policial com o absurdo do humor físico e verbal. 

Sob direção de David Zucker, o longa transformou a paródia em arte, com piadas que iam do escrachado ao nonsense total, desafiando a lógica do gênero policial ao brincar com todos os seus clichês.

O estilo de humor apresentado por Zucker se baseava na sucessão ininterrupta de gags visuais, trocadilhos e situações ridículas tratadas com a mais absoluta seriedade pelos personagens. 

Essa combinação criou um novo tipo de comédia cinematográfica, em que o riso vinha tanto do absurdo quanto da interpretação impassível dos atores. O impacto foi imediato: o filme se tornou um fenômeno cultural e impulsionou a criação de duas continuações, consolidando uma trilogia que redefiniu o humor no cinema americano e influenciou gerações posteriores de roteiristas e diretores.

A carreira de Leslie Nielsen e o sucesso da franquia

Antes de se tornar o rosto definitivo da comédia absurda, Leslie Nielsen era conhecido por papéis sérios em dramas e filmes de ficção científica, como Planeta Proibido (1956). Tudo mudou com Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu! (1980), também dirigido por David Zucker, que revelou seu talento para o humor baseado na impassibilidade. 

Em Corra que a Polícia Vem Aí!, Nielsen encarnou o desastrado detetive Frank Drebin, um policial incorruptível e completamente inepto, cuja seriedade diante do caos é a essência da graça. Sua entrega total ao absurdo fez do personagem um ícone e consolidou o ator como um mestre do timing cômico.

A franquia Corra que a Polícia Vem Aí! virou sinônimo de humor irreverente, zombando de investigações policiais, romances clichês e tramas conspiratórias com igual entusiasmo. Ao mesmo tempo, conseguiu o raro feito de agradar crítica e público, lotando cinemas entre o final dos anos 80 e início dos 90. 

Nielsen tornou-se uma figura amada por sua capacidade de rir de si mesmo e de transformar o ridículo em arte. Seu Frank Drebin é, até hoje, um dos personagens mais lembrados da comédia mundial, símbolo de um tipo de humor que não tem medo de ser bobo.

A trilogia original de Corra que a Polícia Vem Aí

O primeiro filme, Corra que a Polícia Vem Aí! (1988), apresentou Drebin tentando impedir um atentado contra a rainha Elizabeth II durante uma visita a Los Angeles. A mistura de ação, suspense e piadas visuais rendeu cenas icônicas — como o discurso final de Drebin no estádio de beisebol ou a hilária sequência da “montagem romântica” com Priscilla Presley. O longa arrecadou mais de US$ 78 milhões e tornou-se um clássico instantâneo.

A sequência, Corra que a Polícia Vem Aí 2½: A Missão Continua (1991), manteve o espírito original, mas elevou o nível das gags físicas. Drebin enfrenta um magnata que planeja destruir o meio ambiente, em um enredo que serve apenas de pano de fundo para o festival de absurdos. 

Corra que a Polícia Vem Aí 33⅓: O Insulto Final (1994) levou a sátira ao extremo, com Drebin infiltrado em uma prisão e se envolvendo em um plano terrorista durante o Oscar. Entre trocadilhos, quedas, explosões e beijos desastrosos, a trilogia consolidou-se como uma das comédias mais influentes da história.

Momentos memoráveis e piadas marcantes

Entre os momentos mais lembrados da trilogia estão as cenas em que Drebin destrói um carro de polícia sem perceber, a lendária sequência do “favor do presidente”, e as infindáveis quedas e desastres que o personagem causava sempre com a expressão inalterada. 

A combinação de humor físico e diálogos absurdos gerou um repertório de piadas que continuam funcionando mesmo décadas depois. Parte desse sucesso se deve à direção precisa de Zucker, que tratava o caos com uma lógica quase científica.

As piadas funcionavam porque todos os envolvidos levavam o absurdo a sério. Nielsen, Priscilla Presley e George Kennedy agiam como se estivessem em um thriller policial, o que tornava o contraste com as situações ridículas ainda mais engraçado. Essa fórmula — tratar o ridículo com total seriedade — se tornaria a base para outras paródias de sucesso, como Todo Mundo em Pânico e Super-Herói: O Filme.

O remake de Corra que a Polícia Vem Aí com Liam Neeson

Em 2023, a Paramount anunciou oficialmente o remake de Corra que a Polícia Vem Aí, com Liam Neeson no papel principal. A notícia surpreendeu os fãs, especialmente por Neeson ser conhecido por papéis de ação intensa em filmes como Busca Implacável e O Passageiro. A produção está a cargo de Akiva Schaffer, integrante do grupo The Lonely Island e diretor de Chip ‘n Dale: Rescue Rangers, enquanto Seth MacFarlane, criador de Family Guy, atua como produtor. O envolvimento de nomes tão ligados ao humor indica que o projeto pretende atualizar a franquia sem abandonar sua essência cômica.

O grande desafio foi equilibrar a ação característica de Neeson com o tom de paródia que marcou a trilogia original. Segundo os produtores, o roteiro buscará homenagear o estilo de humor físico e as situações absurdas criadas por Zucker, mas com uma abordagem mais contemporânea. A ideia é fazer uma comédia que dialogue com o público atual, sem cair no pastiche ou na mera nostalgia. Ainda não há data oficial de lançamento, mas a expectativa é que o filme estreie em 2026.

Mais de três décadas após o último filme, Corra que a Polícia Vem Aí voltou aos cinemas em 2025, agora estrelado por Liam Neeson. O novo longa foi lançado nos Estados Unidos em 1º de agosto e chegou ao Brasil em 14 de agosto, sob distribuição da Paramount Pictures. A direção é de Akiva Schaffer, integrante do grupo The Lonely Island e responsável por Chip ‘n Dale: Rescue Rangers, com produção de Seth MacFarlane, criador de Family Guy. A união desses nomes garantiu ao remake uma mistura de respeito à obra original e renovação cômica.

O filme apresenta Neeson como Frank Drebin Jr., filho do lendário detetive interpretado por Leslie Nielsen. O roteiro busca equilibrar ação e humor físico, transformando Neeson — conhecido por seus papéis sérios em Busca Implacável — em um herói atrapalhado, mas com o mesmo senso de dever e seriedade absurda do pai. O resultado é uma comédia que homenageia a trilogia clássica sem se limitar à nostalgia, apostando em piadas visuais, sátiras ao cinema policial moderno e até referências diretas ao original.

O que esperar do novo Corra que a Polícia Vem Aí

O remake adota uma abordagem mais atualizada, mesclando o humor pastelão com elementos de paródia de filmes de ação contemporâneos. Há espaço para gags físicas, mas também para comentários metalinguísticos sobre o próprio gênero. 

Schaffer e MacFarlane conseguem equilibrar o absurdo com uma estrutura narrativa mais moderna, lembrando produções como Deadpool e Anjos da Lei. Mesmo assim, o espírito da trilogia original permanece vivo: o riso nasce do contraste entre a seriedade dos personagens e o completo caos ao redor.

Críticos destacaram que o longa respeita o tom da obra de David Zucker, mas traz uma direção mais ágil e cinematográfica. Neeson surpreende pelo timing cômico, explorando sua persona de homem durão em situações completamente absurdas — de perseguições desastrosas a interrogatórios que terminam em catástrofe. 

O público recebeu bem o filme, que estreou em primeiro lugar nas bilheterias americanas e reacendeu o interesse pelo humor físico no cinema contemporâneo.

Liam Neeson como herdeiro da comédia física de Nielsen?

A escolha de Liam Neeson se mostrou certeira. Assim como Leslie Nielsen nos anos 80, o ator irlandês construiu sua carreira com papéis sérios e intensos, o que torna sua entrega ao ridículo ainda mais engraçada. Em Corra que a Polícia Vem Aí (2025), Neeson demonstra uma autoconsciência rara, brincando com sua própria imagem de astro de ação. O resultado é uma performance que homenageia Nielsen sem imitá-lo, criando um novo tipo de detetive trapalhão — mais contido, mas igualmente hilário.

Essa transição funciona porque o humor da franquia sempre se baseou na seriedade diante do absurdo. Neeson mantém esse equilíbrio com maestria, reforçando a ideia de que o legado de Corra que a Polícia Vem Aí não depende apenas das piadas, mas da maneira como o ator acredita nelas. É uma sucessão simbólica: o bastão do humor físico passou para uma nova geração, provando que o nonsense ainda tem força para arrancar gargalhadas.

Legado de Corra que a Polícia Vem Aí na cultura pop

O impacto da franquia é sentido até hoje em filmes e séries que utilizam o humor autorreferencial e o absurdo como ferramenta narrativa. Obras como Todo Mundo em Pânico, Brooklyn Nine-Nine e até The Office herdaram algo do timing visual e da desconstrução de gêneros promovida por Zucker e Nielsen. Corra que a Polícia Vem Aí ensinou que rir do formato pode ser tão divertido quanto rir do conteúdo.

Ao longo dos anos, a trilogia foi constantemente citada e homenageada — seja em esquetes, memes ou referências diretas em outros filmes. O humor da série permanece atemporal porque é simples e universal: rir da incompetência humana e das situações que fogem ao controle. Ainda que algumas piadas possam parecer datadas, a essência do riso continua intacta. O absurdo, afinal, é eterno.

Conclusão

Corra que a Polícia Vem Aí sempre foi sinônimo de riso puro, um lembrete de que o humor pode ser ao mesmo tempo inteligente e idiota. A trilogia original com Leslie Nielsen marcou uma era e transformou o cinema de comédia para sempre. Agora, com Liam Neeson assumindo o papel principal, o remake de 2025 mostra que é possível reviver o espírito do absurdo sem perder autenticidade.

O novo filme não tenta substituir o clássico, mas dialogar com ele — reconhecendo seu legado e adaptando-o à sensibilidade moderna. Em tempos de comédias mais irônicas e autoconscientes, Corra que a Polícia Vem Aí (2025) surge como uma celebração da arte de rir do impossível. Afinal, como ensinou Frank Drebin, às vezes tudo o que o mundo precisa é de uma boa piada em meio ao desastre.

Corra que a Polícia Vem Aí: do clássico com Leslie Nielsen ao remake com Liam Neeson
Corra que a Polícia Vem Aí: do clássico com Leslie Nielsen ao remake com Liam Neeson

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