Os filmes franceses são alguns dos mais numerosos da história da cinematografia mundial. Embora não seja de conhecimento geral, muitos especialistas consideram que a nona arte nasceu na França, especificamente em 1895, em Paris, com os irmãos Lumière, que conseguiram projetar em um café um filme pela primeira vez.
Um país com tamanho peso na tradição cinematográfica naturalmente produziu vários longas-metragens. Podemos citar os ganhadores de Oscar como: Mon Oncle (1958), La Nuit Américaine (1973), Le Dernier Métro (1980), Indochine (1992) e Amour (2012). Além disso, foi o palco de inúmeros atores e cineastas famosos, como Gérard Depardieu, Omar Sky, Jean-Luc Godard e Roman Polanski.
Filmes franceses que você não pode perder
Há muito material para comentar sobre os filmes franceses, pois são diversos longas e produções de sucesso e com proeminência mundial. Desde o início do cinema – como vimos, a arte nasceu na França – até os dias de hoje, são lançados títulos importantes, relevantes, que trazem uma experiência singular para o espectador.
La Règle du Jeu (1939), de Jean Renoir
O cinema francês é muito conhecido pelo seu tom satírico, que é maximamente expresso em La Règle du Jeu. No filme, o cineasta Jean Renoir retrata as tensões e situações adversas entre os aristocratas e empregados. Este é um longa que pode ser resumido como “uma comédia de costumes”, onde os aristocratas exercem seu poder e desprezo sob uma fina camada de cortesia e etiqueta.
Les Enfants du Paradis (1945), de Marcel Carné
Na Paris do século XIX, acompanhamos Garance, quase uma femme fatale, capaz de atrair a atenção de olhares de vários homens. Garance é alvo da paixão de pelo menos quatro personagens: Baptiste, o mímico, Lemaître, o ator, Lacenaire, o criminoso e Édouard de Montray o conde. Há neste longa uma dose de Shakespeare, talvez até uma desconstrução em um filme romântico, humano e definitivamente apaixonante.
Pierrot le Fou (1965), de Jean-Luc Godard
É preciso realizar um aviso aos espectadores de que Pierrot Le Fou é um excelente filme. No entanto, a sua narrativa descontinuada o faz uma experiência, ao mesmo tempo, distinta e difícil. Trata-se de quase uma experimentação cinematográfica onde acompanhamos Ferdinand, um homem que se sente preso em sua própria vida e sente uma vontade impulsiva de fugir com Marianne, juntos o casal planeja desbravar toda a França.
Le Mépris (1963), de Jean-Luc Godard
Le Mépris é sempre indicado como um dos filmes mais impressionantes do lendário cineasta Godard, graças ao seu trabalho com cores e trilha sonora. No longa, acompanhamos um roteirista e sua esposa que tentam salvar o casamento enquanto o homem se vê envolvido em um longa, mais precisamente a adaptação da Odisseia. Este filme, cheio de metalinguagem, ainda conta com Fritz Lang interpretando a si mesmo.
Les Quatre Cents Coups (1959), de François Truffaut
O cineasta François Truffaut trouxe para Les Quatre Cents Coups um tom distinto e pessoal. Acompanhamos no filme Antoine Doinel, um adolescente em uma família desestruturada, que sofre em um sistema educacional insuficiente e opressor. Antoine é cada vez mais exposto a traumas e situações de violência, representação na qual o diretor tenta colocar a si mesmo. Sem dúvidas, é um dos filmes franceses mais autênticos.
La Belle et la Bête (1946), de Jean Cocteau e René Clément
O filme La Belle et la Bête é uma adaptação do famoso conto A Bela e a Fera. Aqui a estrutura se mantém quase a mesma, onde Belle – Bela – se dispõe de modo altruísta a ser presa em um castelo junto de Bête – a Fera. Durante seus dias no castelo, Belle descobre que la Bête não é um monstro desalmado como outrora parecia. Este mundo onírico fantasioso será capaz de ensinar duras – não obstante necessárias – lições de humanidade.
Diretores e cineastas franceses renomados
Durante todos esses anos, os filmes franceses foram produzidos por cineastas e diretores extremamente talentosos. Os nomes de alguns deles são importantes para o cinema ao nível mundial, como Truffaut, Godard e outros que têm um lugar de destaque na história da nona arte. Veja alguns dos principais diretores franceses de todos os tempos:
François Truffaut: um dos fundadores da Nouvelle Vague
Não é possível falar de um dos grandes movimentos cinematográficos do mundo, o Nouvelle Vague, sem citar Truffaut. O cineasta, como já comentamos em ocasião do longa Les Quatre Cents Coups, teve uma vida difícil. As adversidades impactaram de forma definitiva o seu modo de fazer cinema.
Truffaut desenvolveu um tipo de cinematografia crítica, onde sempre defendeu e incentivou um olhar mais pessoal do diretor sobre suas obras. O cineasta é sobretudo um defensor da cinematografia pessoal, intimista e da retratação da complexidade humana em tela.
Jean-Luc Godard: o mestre da revolução cinematográfica francesa
Godard é sem sombra de dúvidas o nome mais conhecido da cinematografia francesa. Trata-se não só de um dos melhores diretores de filmes franceses de todos os tempos, mas de um dos cineastas mais importantes para a história da sétima arte. Antes de ser diretor, Godard era um crítico de cinema, profissão em que cultivou habilidades decisivas para o futuro.
A cinematografia de Godard é curiosa, justamente por ser quase inapreensível ou sujeita a um único estilo. Godard ama experimentar e atualizar o seu cinema, sempre busca desvirtuar padrões e sempre integra temas filosóficos poderosos em seus filmes.
Jacques Audiard
Os filmes franceses de Jacques Audiard são contemporâneos em diversos sentidos. É um dos nomes mais importantes da cinematografia internacional atual e desenvolve em seus longas temas como redenção, identidade e as contradições humanas. Audiard é um diretor reflexivo, e seus filmes são recheados de profundas considerações a respeito da condição humana.
Alain Resnais
Muitos consideram os filmes franceses de Alain Resnais como históricos, algo que não é sem razão quando identificamos que sua carreira começou nos documentários, sobretudo com um curta que retratava os horrores do holocausto nazista. Seus longas passaram a abordar os traumas da guerra e a sua relação com a psique e a imaginação humana.
Agnès Varda
Se muitos consideram Truffaut como o pai da Nouvelle Vague, Agnès Varda é a mãe do movimento. A sua abordagem é certamente distinta, e chama a atenção por conta de sua narrativa intimista, dramática e muito realista. Ao mesmo tempo, os temas abordados por Varda giram em torno de sentimentos importantes como amor e solidão.
Varda também é amplamente conhecida por conta da sua capacidade de combinar um estilo quase documental com a ficção. Seus filmes pessoais sempre trazem elementos realistas e poéticos, sempre com uma visão feminina – e feminista – da sociedade francesa.
A Nouvelle Vague e sua influência no cinema francês
A Nouvelle Vague (Nova Onda) é um dos movimentos cinematográficos mais importantes para o cinema; e este movimento começou, sobretudo, com os cineastas e filmes franceses. Alguns de seus principais nomes foram Agnès Varda, Claude Chabrol, Jean-Luc Godard e Truffaut. Entre suas características ressaltamos mais liberdade, onde muitas vezes diálogos improvisados iam para o corte final do filme, além de uma estética com um ritmo incomum.
Muitas vezes, o cinema Nouvelle Vague é interpretado até mesmo como “descontinuado”. A narrativa desses longas traz um ritmo ondular e, em simultâneo, explora uma narrativa mais profunda a respeito das relações humanas e o estado psicológico dos personagens, geralmente com um tom sarcástico e cortes rápidos.
A Nouvelle Vague é um dos elementos que mostram como os filmes franceses são essenciais para o cinema mundial. O blog Citou Filmes deseja que você conheça e aprecie mais filmes, seja do circuito tradicional hollywoodiano ou de outros países. Siga-nos para mais recomendações de longas e listas de filmes, e nos diga qual é o seu título favorito nos comentários!