Marlon Brando é amplamente considerado um dos maiores atores da história do cinema. Com uma carreira que redefiniu a atuação e deixou um legado imortal, ele foi capaz de transitar por diversos estilos e gêneros cinematográficos, além de dar vida a personagens que se tornaram ícones da cultura pop.
Mas quem foi Marlon Brando? Nascido em 3 de abril de 1924, em Omaha, Nebraska, Brando teve uma infância difícil, marcada por conflitos familiares. Apesar das adversidades, descobriu sua paixão pela atuação ainda jovem, o que o levou a estudar na prestigiada Actors Studio, em Nova York, onde aprimorou sua técnica.
Muito antes de se tornar o pai do Superman, os seus primeiros passos na atuação foram em produções de teatro, mas o seu verdadeiro auge viria ao alcançar Hollywood. Nos anos 1950, Brando conquistou o seu lugar no cinema mundial, ao quebrar paradigmas e moldar uma nova abordagem para os atores da época.
Marlon Brando e a Revolução do Cinema
A grande revolução de Marlon Brando no cinema não está apenas nos papéis que interpretou, mas também na maneira como ele reinventou a arte da atuação. Brando foi um dos grandes responsáveis pela popularização do “Método”, uma técnica de atuação baseada nas ideias do dramaturgo russo Konstantin Stanislavski, que priorizava o mergulho emocional profundo no personagem.
A transição dessa técnica para Hollywood foi um marco na história do Cinema, e permitiu que o ator se entregasse de maneira total e visceral ao papel, ao criar personagens mais reais, complexos e emocionantes.
Essa nova abordagem trouxe mais autenticidade para as telas e desafiou a maneira tradicional de atuação, que era mais centrada no formalismo e na técnica de declamação. Brando mudou o jogo, trazendo uma abordagem mais intimista e intensa, que influenciaria inúmeras gerações futuras de atores.
Filmes icônicos de Marlon Brando
O Poderoso Chefão (1972)
Uma de suas atuações mais lendárias foi como Don Vito Corleone, o imponente chefe da máfia, no épico O Poderoso Chefão. Este papel se tornou sinônimo de Brando, e é um dos mais icônicos da história do cinema. Sua interpretação, sutil e ameaçadora, fez de Corleone uma figura complexa, difícil de esquecer. A atuação de Brando, com sua voz grave e gestos marcados, transformou o personagem em um verdadeiro mito cinematográfico.
Um Bonde Chamado Desejo (1951)
A Streetcar Named Desire (1951) é uma das obras mais significativas na carreira de Marlon Brando e um dos maiores clássicos do cinema. Dirigido por Elia Kazan e baseado na peça homônima de Tennessee Williams, o filme traz Brando no papel de Stanley Kowalski, um homem bruto, instável e passional que vive em Nova Orleans com sua esposa, Stella, e sua cunhada, Blanche DuBois (interpretada pela grande Vivien Leigh). A atuação de Brando como Stanley é um marco na história do cinema.
O seu personagem é feroz, intenso e profundamente humano, com uma energia primitiva. Brando trouxe ao papel uma dimensão emocional inédita, com um estilo de atuação mais naturalista, quase documental, que era revolucionário na época. O seu personagem, embora seja muitas vezes percebido como vilão, também é vítima de suas próprias limitações e inseguranças. O longa é um dos favoritos de quem vos escreve.
Júlio César (1953)
Em Júlio César, Brando surpreendeu a crítica ao interpretar Marco Antônio, um personagem histórico em uma adaptação cinematográfica da obra de William Shakespeare. A sua habilidade em dar vida a um personagem clássico, misturando emoção e racionalidade, solidificou ainda mais seu status de gigante das telas. O discurso de Marco Antônio perante o povo romano é, sem dúvidas, um dos maiores momentos de performance de sua carreira.
Apocalypse Now (1979)
Em Apocalypse Now, Brando levou o conceito de atuação a novos limites, ao interpretar o enigmático Coronel Kurtz, um líder militar fora de controle durante a Guerra do Vietnã. Embora sua atuação tenha sido marcada por uma série de desafios nos bastidores, a performance única de Brando, intensa e quase mística, é uma das mais lembradas da história do cinema.
Sindicato de Ladrões (1954)
A performance de Brando no longa consolidou-o como um dos maiores atores da sua geração. O famoso momento em que Terry Malloy, frustrado e arrependido, diz a famosa frase “Eu poderia ter sido um campeão”, é uma das cenas mais icônicas do cinema, e representa o lamento de um homem que sente que a sua vida poderia ter tomado outro rumo, mas foi corroída pelas circunstâncias e pelas escolhas erradas.
A influência de Marlon Brando na Nova Era de Atuação no Cinema
Marlon Brando não apenas moldou o cinema de sua época, mas também influenciou diretamente as gerações seguintes de atores. Nomes como Robert De Niro, Al Pacino, Jack Nicholson e Dustin Hoffman citam Brando como uma grande inspiração. Sua capacidade de transformar um simples papel em uma experiência visceral foi o alicerce de uma nova abordagem de atuação no cinema.
A partir de sua atuação, novos horizontes se abriram para atores contemporâneos, que passaram a explorar mais intensamente suas emoções e os aspectos psicológicos dos personagens. O cinema moderno, com seus personagens mais humanos, profundos e realistas, deve muito a Marlon Brando e ao legado que ele deixou para o mundo da atuação.
Polêmicas e vida pessoal de Marlon Brando
A vida de Marlon Brando, longe das telas, também foi marcada por polêmicas e comportamentos excêntricos. Famoso por suas atitudes rebeldes e sua aversão à fama, muitas vezes gerou controvérsia tanto dentro quanto fora dos sets de filmagens. O seu envolvimento com a política, sua oposição à guerra do Vietnã e a sua defesa dos direitos civis o colocaram frequentemente em destaque nas pautas sociais.
Brando também se envolveu em várias polêmicas relacionadas ao seu comportamento excêntrico, como a recusa em comparecer à cerimônia do Oscar de 1973, quando ganhou a estatueta por O Poderoso Chefão. Em seu lugar, enviou uma atriz nativa americana, Sacheen Littlefeather, para protestar contra o tratamento das comunidades indígenas no cinema e na sociedade.
Premiações e Reconhecimento de Marlon Brando
Marlon Brando recebeu inúmeros prêmios e reconhecimento por seu trabalho ao longo de sua carreira. Entre as honrarias mais importantes estão dois Oscars de Melhor Ator, um por Sindicato de Ladrões e outro por O Poderoso Chefão.
Além dos Oscar, venceu o Festival de Cannes como Melhor Ator por Viva Zapata! Venceu o BAFTA como Melhor Ator Estrangeiro também por Viva Zapata!, como Melhor Ator Estrangeiro por Julius Caesar, e como Melhor Ator Estrangeiro por On the Waterfront (pelo qual também ganhou um Globo de Ouro). Também venceu mais dois Globos de Ouro como Melhor Ator – Drama por O Poderoso Chefão, e o Henrietta Award – Masculino.
Conclusão
O impacto de Marlon Brando na atuação e na história do cinema é inegável. Mesmo décadas após a sua morte, Brando permanece como um símbolo de excelência e autenticidade no mundo da atuação, e o seu legado é eternamente lembrado em cada filme, cada cena e cada grande performance que veio posteriormente. Marlon Brando não foi apenas um ator; ele foi uma revolução para a arte de interpretar.